A Incessante Luta do Recife contra as Cheias: O Desafio da Planejamento Urbano e da Gestão Eficiente
- Marcelo Damasceno
- 8 de fev.
- 2 min de leitura

A história de grandes inundações no Recife remonta a 1966, quando o Capibaribe transbordou e alagou a cidade, com impacto devastador. Naquele momento, o ambiente urbano já era marcado pela ocupação desordenada do solo, sem planejamento estratégico adequado, o que resultou em um cenário de caos e desespero. Essa primeira “cheia” foi amplamente divulgada pela mídia, e outras mais destrutivas viriam ainda na década de 1970, deixando uma marca de tragédia semelhante a uma zona de guerra.
Atualmente, o Recife ainda não possui um plano urbano eficiente que equilibre suas características naturais com a necessidade de expansão urbana. Ao longo dos anos, áreas de espelhos d’água que compunham a paisagem desde a época de Maurício de Nassau foram sendo ocupadas, sem controle ou planejamento, o que gerou um processo de degradação ambiental contínuo. A fiscalização ineficiente e os planos diretores frequentemente alterados por interesses escusos contribuíram para a atual situação caótica.
O desrespeito ao meio ambiente se expandiu, sem que a população ou suas lideranças assumissem a responsabilidade necessária. O improviso e a permissividade prevaleceram no crescimento urbano descontrolado, cujas consequências são evidentes a cada temporada de chuvas. As tragédias são tratadas como fenômenos “excepcionais”, quando, na verdade, as intensas precipitações fazem parte do clima tropical da região.
As reações a essas calamidades são previsíveis: a culpa recai sobre o prefeito atual, como se ele fosse o único responsável pelo caos. Contudo, essa situação é fruto de uma sucessão de administrações que falharam em promover um crescimento ordenado, perpetuando os problemas estruturais da cidade. Mesmo aqueles sem conhecimento técnico em planejamento urbano reconhecem a obsolescência do sistema de drenagem da cidade diante da ocupação desordenada.
A solução para esse impasse passa por um planejamento urbano inovador, que envolva uma gestão disposta a romper com o ciclo de improviso. O Recife precisa de um projeto de médio e longo prazo, desenvolvido por uma comissão técnica especializada, que integre a cidade às suas águas de maneira inteligente e sustentável. Metrópoles como Nova York, Buenos Aires e Londres já implementaram soluções eficazes que poderiam servir de modelo.
Se um plano desse tipo fosse elaborado e executado com transparência e comprometimento, o prefeito deixaria de ser o bode expiatório de uma crise que já perdura há mais de seis décadas. O Recife teria, então, a chance de abandonar sua luta perdida contra a natureza e começar a conviver com ela de forma planejada e eficiente.
Fonte: Angelo Castelo Branco - Blog do Magno






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