Ato liderado por Bolsonaro na Paulista reúne governadores e parlamentares em críticas ao STF
- Marcelo Damasceno
- há 5 dias
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Manifestação marca novo capítulo de tensão entre Executivo e Judiciário, com discursos em defesa de anistia e contra suposta perseguição política
A Avenida Paulista, em São Paulo, foi palco neste domingo (29/6) de um ato político convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que reuniu governadores, senadores e deputados federais de diferentes regiões do país. O evento teve como eixo central a defesa do ex-mandatário, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a acusação de tentativa de golpe de Estado, além de duras críticas ao sistema de Justiça brasileiro.
Entre os nomes de maior destaque no palanque estavam os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC) e Cláudio Castro (PL-RJ). Também compareceram o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, o líder da oposição na Câmara, Tenente Coronel Zucco (PL-RS), e o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ).
Nos discursos, os oradores concentraram suas falas em críticas ao STF e à Justiça Eleitoral, com tom unificado de questionamento à imparcialidade do Judiciário. Bolsonaro voltou a atacar o processo eleitoral de 2022, afirmando que enfrentou restrições severas durante sua campanha, enquanto seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, teria sido beneficiado. “A mão pesada do TSE fez-se valer na balança. Eu era proibido de fazer tudo; o outro lado podia fazer qualquer coisa”, disse o ex-presidente.
Bolsonaro também defendeu a anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, classificados por ele como vítimas de perseguição política. “A anistia é o caminho da pacificação. Esperamos que essa proposta tenha apoio não apenas do Legislativo, mas também dos outros dois poderes da República”, declarou.
O deputado Sóstenes Cavalcante, por sua vez, denunciou o que chamou de perseguição seletiva da Justiça contra parlamentares de direita, alegando que o STF investiga atualmente 65 deputados, dos quais 39 são do PL. “Está claro o que querem: inviabilizar possíveis candidatos ao Senado com reais chances de vitória. Rendo aqui homenagem a nomes como Daniel Silveira e Carla Zambelli, entre outros, que estão sendo alvo dessa perseguição”, afirmou, sob aplausos.
Chamou atenção ainda o discurso do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), que falou em inglês com o objetivo de internacionalizar a denúncia de supostos abusos por parte do Judiciário brasileiro. A estratégia visou alcançar veículos internacionais e chamar atenção para o que ele qualificou como uma “erosão das liberdades democráticas”.
O ato deste domingo reforça a polarização política nacional e expõe mais uma vez o acirramento das relações entre os grupos alinhados a Bolsonaro e os poderes instituídos, sobretudo o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral. Com a aproximação das eleições municipais de 2024 e o horizonte da disputa presidencial em 2026, as manifestações devem se intensificar nos próximos meses.
Por Marcelo Damasceno
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