Carta aberta de Sérgio do Forró ecoa apelo por valorização da cultura nordestina nas festas juninas
- Marcelo Damasceno
- 8 de jun.
- 2 min de leitura

Em meio ao avanço de atrações comerciais e ritmos alheios à cultura popular, o sanfoneiro e compositor Sérgio do Forró, com 55 anos de carreira dedicados à música nordestina, publicou uma carta aberta emocionada, fazendo um apelo direto a produtores, gestores e ao povo do Nordeste: "Respeitem o forró, valorizem o artista nordestino."
Com uma trajetória marcada pela defesa das tradições do São João, Sérgio se manifestou com indignação diante da crescente descaracterização das festas juninas. Segundo o artista, eventos que antes exaltavam o forró, o xote, o baião e os símbolos da cultura sertaneja, agora têm dado espaço desproporcional a atrações que pouco representam a identidade cultural nordestina.
“Não é só uma reclamação por espaço, é um pedido por respeito. O forró, o xote, o baião, o arrasta-pé, a sanfona, o triângulo e a zabumba não são apenas estilos musicais: são memória, são história, são resistência.”
A carta, assinada com emoção e firmeza, denuncia um fenômeno que artistas regionais vêm enfrentando há anos: a exclusão dos palcos juninos em favor de nomes que não dialogam com a raiz das festividades, muitas vezes vindos de outras regiões e estilos — como sertanejo universitário, funk ou pop.
Sérgio do Forró não pede privilégios. Pede pertencimento e respeito. Defende que os palcos das festas juninas sejam ocupados por quem, como ele, carrega a tradição ensinada por nomes como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Ele ressalta que preservar o São João autêntico é preservar a alma de um povo:
“Se deixarmos morrer o verdadeiro São João, estaremos perdendo mais do que uma festa. Estaremos apagando parte da nossa identidade.”
A carta tem ganhado repercussão nas redes sociais, sendo compartilhada por outros músicos e defensores da cultura popular. O apelo é claro: que as autoridades públicas, produtores culturais e organizadores de eventos sejam sensíveis à importância do São João como expressão legítima da alma nordestina.
A luta de Sérgio do Forró ecoa a de muitos outros artistas que seguem firmes, mesmo sem os holofotes, mantendo viva a sanfona, o chapéu de couro e a esperança de que o São João continue sendo do povo e para o povo.
Por Marcelo Damasceno
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