Governo federal decide substituir presidente da Codevasf em meio à operação da Polícia Federal

Investigação da PF apura suspeitas de propinas em contratos da Codevasf, especialmente em Campo Formoso  |   Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Brasília (DF) – O governo federal decidiu pela substituição de Marcelo Moreira da presidência da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), em meio ao avanço das investigações da Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal. A escolha do novo presidente será submetida à análise da Casa Civil e do comitê de elegibilidade da estatal, com votação prevista para o próximo dia 26 de maio, segundo informações divulgadas pelo site UOL.

O nome do secretário-executivo do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Valder Ribeiro de Moura, chegou a ser cogitado, mas ele recusou a indicação. A decisão agora deve ser conduzida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que consultará lideranças políticas antes de formalizar a nova indicação.

Envolvimento na Operação Overclean

No comando da Codevasf desde 2021, Marcelo Moreira passou a ser alvo de denúncias que envolvem assédio moral, pressões políticas e interferência indevida em investigações. A Operação Overclean apura um suposto esquema de corrupção, fraudes em licitações e desvio de recursos públicos em convênios entre a estatal e a Prefeitura de Campo Formoso, na região norte da Bahia.

Entre as acusações, destaca-se a exoneração de Miled Cussa Filho, ex-superintendente da Codevasf em Juazeiro (BA), supostamente afastado por Moreira após colaborar com a investigação da PF. O engenheiro afirma ter sofrido assédio e represálias por parte do então presidente.

Ainda segundo o UOL, a Polícia Federal interceptou conversas que revelam a proximidade de Marcelo Moreira com políticos locais, sendo ele considerado um “homem de confiança” de grupos regionais.

Um dos principais investigados é o prefeito de Campo Formoso, Elmo Nascimento, irmão do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), apontado como autor do envio de R$ 57 milhões em emendas do relator para convênios atualmente sob suspeita. Elmar, por sua vez, nega qualquer envolvimento em irregularidades.

A substituição na presidência da Codevasf ocorre em um momento de intensa pressão por mais transparência e integridade na gestão de recursos públicos, especialmente em estatais envolvidas com obras e repasses milionários para municípios.

Por Marcelo Damasceno – Petrolina (PE)