PGR solicita prisão preventiva e difusão vermelha da Interpol para Carla Zambelli após saída do país
- Marcelo Damasceno
- 3 de jun.
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Por Marcelo Damasceno
A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), de forma sigilosa, pedido de prisão preventiva e de inclusão do nome da deputada Carla Zambelli (PL-SP) na difusão vermelha da Interpol, depois que ela deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos e anunciou viagem subsequente à Europa. Ao mesmo tempo, o procurador-geral Paulo Gonet requereu o sequestro e bloqueio de bens da parlamentar.
Segundo o documento ao qual a TV Globo teve acesso, trata-se de “prisão cautelar, de natureza distinta da prisão definitiva, com o fim de assegurar a devida aplicação da lei penal”. O texto enfatiza que a inclusão de Zambelli na lista internacional deve ocorrer “com a suspensão imediata de seu passaporte e a comunicação oficial às autoridades de outros países”.
Deputada é considerada foragida pela PGR
Para a PGR, a deputada deve ser formalmente tratada como foragida, pois “e1vadiu o território nacional e anunciou publicamente permanência planejada na Europa, em desobediência à decisão condenatória proferida pela mais alta Corte do país”. Zambelli foi, em março de 2025, condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF a 10 anos de prisão em regime fechado pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O processo é parte do inquérito que apura ações de ataques a órgãos do Judiciário.
Embora em 2023 o passaporte de Carla Zambelli tenha sido apreendido durante as investigações, o documento foi devolvido posteriormente, sem restrições formais para sair do país. Conforme nota da PGR, em 25 de maio de 2025 Zambelli cruzou a fronteira com a Argentina, seguiu para Buenos Aires e embarcou para os Estados Unidos. O desembarque dela em solo norte-americano e as declarações de que pretende tratar questões médicas inflamaram o debate sobre possível fuga para evitar o cumprimento imediato da pena.
Condenação histórica e novos inquéritos
Além da condenação pelo caso da invasão ao CNJ, Carla Zambelli ainda enfrenta outras ações no STF e na Justiça Eleitoral:
Ação penal no STF por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal: relativa a episódio de outubro de 2022, quando a deputada sacou um revólver e perseguiu, pelas ruas de São Paulo, um apoiador do ex-presidente Lula durante campanha eleitoral. Em março de 2025, seis ministros votaram pela sua condenação — pena de 5 anos e 3 meses de reclusão e cassação do mandato —, mas o julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Nunes Marques.
Inquérito das “fake news”: investiga divulgação de notícias falsas e ataques a ministros do STF.
Inquérito das milícias digitais: apura eventual participação de Zambelli em redes de disseminação de conteúdo golpista após as eleições de 2022.
Na esfera eleitoral, a deputada foi condenada por uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder político nas Eleições de 2022. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) decretou a cassação do mandato e a inelegibilidade por oito anos, decisão atualmente em fase de recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Repercussão e desdobramentos
Ministros do STF ouvidos pela GloboNews consideraram que a saída de Zambelli do Brasil caracteriza uma tentativa de contornar as consequências de sua condenação, sobretudo após o veredito unânime pela Primeira Turma do tribunal. A PGR, por sua vez, sustenta que “a evasão para outro país, anunciada publicamente, desrespeita a decisão colegiada da Suprema Corte”.
Com o pedido de prisão cautelar, a Procuradoria busca não apenas garantir a ordem e a aplicação da pena, mas também impedir que a deputada utilize meios diplomáticos ou médicos para postergar ou anular os efeitos do julgamento. A inclusão na lista da Interpol tem como objetivo dificultar a movimentação internacional de Zambelli e viabilizar sua extradição, caso não retorne voluntariamente ao país.
No STF, a medida será analisada pelo relator do processo original. Caso o pedido de Paulo Gonet seja acolhido, a Polícia Federal deverá executar o mandado de prisão assim que a parlamentar pisar novamente em solo brasileiro ou for localizada em outro país que tenha acordos de cooperação com o Brasil.
Fonte: G1
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