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Raimundo Avelar Ramos: o homem que plantou esperança e colheu protagonismo no sertão

  • Foto do escritor: Marcelo Damasceno
    Marcelo Damasceno
  • 3 de mai.
  • 2 min de leitura

Raimundo Avelar Ramos liderou a luta dos cebolicultores nos anos 1980 e deu voz ao sertão no cenário nacional
Raimundo Avelar Ramos liderou a luta dos cebolicultores nos anos 1980 e deu voz ao sertão no cenário nacional

Líder histórico da cebolicultura, ele pavimentou o caminho para a agricultura irrigada no Vale do São Francisco, com impacto nacional


Poucos nomes representam com tanta força a luta pela valorização da agricultura nordestina quanto Raimundo Avelar Ramos (1948–1989). Filho primogênito do empresário Gregório Ramos, Raimundo seguiu o chamado da terra e fez dela um campo de transformação social e econômica. Caso estivesse vivo hoje, teria 77 anos — idade de quem, certamente, teria muito orgulho dos frutos semeados em tempos difíceis e colhidos pelo Brasil atual.


Foi na cebolicultura — o cultivo de cebolas — que Raimundo Ramos encontrou não apenas um negócio, mas uma missão. Tornou-se uma das lideranças de classe mais combativas do setor agrícola nos anos 1970 e 1980. Em meio à seca, à desigualdade e à ausência de políticas públicas efetivas, ele enxergou no Sertão do São Francisco uma potência adormecida.


Da semente ao levante: a criação da APROCESF


Em 1981, Raimundo fundou a APROCESF – Associação dos Produtores de Cebola do Vale do São Francisco, consolidando uma base de resistência e organização de classe. Com visão estratégica, indicou o irmão Ranilson Ramos para presidir a entidade. Estava claro: a luta seria institucional, mas também nas ruas, nas pontes, nos tratores.


E veio o ápice. Em 1986, Raimundo liderou uma paralisação histórica de dois mil cebolicultores, que fecharam com 60 tratores a Ponte Presidente Dutra, que liga Juazeiro (BA) a Petrolina (PE). A mobilização enfrentou o batalhão de choque do então governador Roberto Magalhães e ganhou repercussão nacional, chegando ao Jornal Nacional da TV Globo. Era o Brasil rural erguendo a voz contra uma política de juros extorsivos e a concorrência desleal da cebola argentina.


Legado que frutificou


A atuação de Raimundo Ramos deixou raízes profundas. Seu irmão Ranilson, inspirado por sua coragem, ingressou na vida pública e seguiu sua trilha de defesa do agronegócio e da agricultura familiar. Mas o maior legado de Raimundo não está apenas nos nomes ou nas instituições: está na transformação econômica e social do Vale do São Francisco.


Hoje, essa região se tornou um símbolo de sucesso da agricultura irrigada no Brasil, com milhares de hectares cultivados, geração de empregos e papel decisivo na balança comercial brasileira. Petrolina consolidou-se como polo de produção de frutas; Juazeiro abriga o segundo maior entreposto agrícola do país.


Raimundo Avelar Ramos faleceu ainda jovem, aos 41 anos, mas sua luta visionária segue pulsando nas veias da economia do sertão. Foi ele quem acreditou na força da terra em tempos adversos. Foi ele quem, com destemida liderança, escreveu uma página decisiva da história agrícola nordestina.



Por Marcelo Damasceno

PETROLINA PE


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