Correios propõem corte de jornada, suspensão de férias e fim do home office para conter prejuízo de R$ 2,6 bilhões
- Marcelo Damasceno
- 12 de mai.
- 2 min de leitura

Os Correios anunciaram nesta segunda-feira (12) um conjunto de medidas drásticas para conter o rombo de R$ 2,6 bilhões registrado em 2024 e tentar equilibrar o fluxo de caixa da estatal. As ações incluem redução da jornada de trabalho, suspensão de férias, retorno ao trabalho presencial e o fim do home office, além de cortes estruturais e incentivo ao desligamento voluntário.
Segundo o plano estratégico divulgado internamente, caso todas as medidas sejam implementadas com êxito, a estatal poderá economizar até R$ 1,5 bilhão em 2025. “Estamos diante de um desafio importante: a necessidade de reduzir despesas”, diz o comunicado da empresa, que espera contar com o apoio dos cerca de 86 mil funcionários ativos.
Principais medidas anunciadas pelos Correios:
📉 Redução da jornada: de 8 para 6 horas diárias (passando de 44h para 34h semanais), com correspondente redução salarial.
📆 Suspensão temporária de férias: a partir de 1º de junho de 2025, com retomada prevista para janeiro de 2026.
🧾 Revisão de cargos comissionados: corte de ao menos 20% no orçamento da sede administrativa.
🧳 Fim do home office: retorno presencial obrigatório a partir de 23 de junho de 2025, salvo exceções judiciais.
🧓 Ampliação do PDV (Programa de Desligamento Voluntário): inscrições abertas até 18 de maio de 2025.
🩺 Reformulação do plano de saúde: novo modelo com economia prevista de até 30%, com negociação junto aos sindicatos.
🛍️ Criação de marketplace próprio: previsto para lançamento ainda em 2025.
💰 Captação de R$ 3,8 bilhões junto ao New Development Bank (NDB) para investimentos.
Aumento de custos e prejuízo histórico
Apesar da justificativa oficial de queda nas receitas internacionais, os gastos operacionais aumentaram R$ 716 milhões em 2024, alcançando o maior valor desde 2017 (R$ 15,9 bilhões). O principal fator foi o custo com pessoal, que subiu de R$ 9,6 bilhões em 2023 para R$ 10,3 bilhões neste ano, devido ao novo Acordo Coletivo e reajustes de benefícios como o vale-alimentação.
A empresa também revelou que apenas 15% das mais de 10 mil unidades de atendimento geram superávit, o que contribuiu para o prejuízo de R$ 2,6 bilhões – quatro vezes maior que o registrado no ano anterior. Desde 2016, quando a estatal teve um déficit de R$ 1,5 bilhão (corrigido, R$ 2,3 bilhões), não se via resultado tão negativo.
Investimentos e transição ecológica
Apesar do cenário adverso, os Correios destacaram investimentos de R$ 830 milhões em 2024 e prometeram manter o foco em tecnologia e sustentabilidade. Entre as aquisições estão:
50 furgões elétricos
3.996 bicicletas cargo com baú
2.306 bicicletas elétricas
1.502 veículos para renovação da frota
A estatal prevê concluir em até cinco anos a transição para uma logística ecológica, com menor impacto ambiental.
Queda de liquidez e atrasos nos pagamentos
A empresa também vive um grave problema de liquidez financeira. Segundo o último relatório, 92% das reservas em caixa e aplicações financeiras foram utilizadas, restando apenas R$ 249 milhões disponíveis em 2025. O impacto já é sentido na operação: transportadoras terceirizadas estão atrasando entregas e agências franqueadas enfrentam repasses em atraso.
Fonte: G1






Comentários