Morre José Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos
- Marcelo Damasceno
- 13 de mai.
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O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, deixando um legado marcado pela simplicidade, resistência política e compromisso com a justiça social. Mujica governou o país entre 2010 e 2015 e era considerado uma das personalidades mais carismáticas e respeitadas da esquerda latino-americana.
Em abril de 2024, o próprio Mujica revelou que havia sido diagnosticado com um tumor no esôfago, em estágio avançado. Na ocasião, relatou que o câncer era “duplamente complexo”, pois ele já convivia com uma doença autoimune havia mais de duas décadas, o que comprometia também o funcionamento dos rins e tornava inviável um tratamento mais agressivo, como a quimioterapia.
Mesmo assim, manteve-se ativo até os últimos meses de vida. Em outubro, durante um comovente discurso em Montevidéu, ele disse estar "perto de se retirar para o lugar de onde não se volta". Era sua primeira aparição pública após receber alta hospitalar em agosto. Sua médica chegou a afirmar que havia “fortes convicções” de que Mujica estivesse curado, mas reconheceu que sua saúde ainda era frágil.
De guerrilheiro a presidente
Mujica foi militante do grupo guerrilheiro Tupamaros nos anos 1960 e 1970, período em que foi capturado e passou 14 anos preso, muitos deles em solitárias e sob tortura, durante a ditadura militar uruguaia.
Após a redemocratização, tornou-se símbolo da resistência e construiu uma carreira política respeitada, marcada pelo discurso pacifista e ético, chegando à Presidência em 2010.
Ao deixar o cargo em 2015, retornou ao Senado, onde permaneceu até 2020, quando renunciou alegando questões de saúde em plena pandemia de Covid-19.
Um presidente fora dos padrões
Mujica conquistou o mundo por sua postura austera e avessa aos privilégios do poder. Viveu toda a vida com sua esposa, a ex-senadora Lucía Topolansky, em uma casa modesta em um sítio nos arredores de Montevidéu. Dirigia ele mesmo seu Fusca azul 1987 e doava 90% de seu salário como presidente a programas sociais de combate à pobreza.
Até seus últimos dias, Mujica se dedicava a cuidar de sua horta pessoal, símbolo de seu modo de vida alternativo. Declaradamente ateu, descreveu-se certa vez como “quase panteísta”, dizendo: “Não tenho religião, mas admiro a natureza”.
Por Marcelo Damasceno – Petrolina (PE)






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