Superintendente da Codevasf é exonerado após colaborar com investigação da PF sobre convênios em Campo Formoso (BA)
- Marcelo Damasceno
- 15 de mai
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Por Marcelo Damasceno – Petrolina (PE)
O superintendente da Codevasf em Juazeiro (BA), Miled Cussa Filho, foi exonerado de suas funções no dia 9 de maio, um dia após ter enviado ofícios ao Ministério Público Federal (MPF) e à Controladoria-Geral da União (CGU) com informações que envolvem suspeitas de fraude em convênios entre a Codevasf e a Prefeitura de Campo Formoso (BA), administrada por Elmo Nascimento, irmão do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
A exoneração foi assinada por Marcelo Moreira, presidente da Codevasf, que foi indicado ao cargo pelo próprio Elmar Nascimento.
Suspeitas de corrupção e envolvimento político
Os convênios em questão, firmados para pavimentação de estradas no município, foram vencidos pela empresa Allpha Pavimentação e estão sob investigação da Polícia Federal (PF) por indícios de fraude em licitação, superfaturamento e pagamento de propina.
Segundo os documentos enviados por Cussa Filho, Elmo Nascimento levou pessoalmente os empresários investigados para reuniões em que foram discutidos os contratos, que mais tarde seriam alvo das investigações.
Reações e desdobramentos
A Codevasf nega qualquer retaliação, afirmando que a exoneração de Cussa Filho se deu como “medida de precaução, que busca ampliar garantias de transparência e integridade”. No entanto, a proximidade entre os principais personagens levanta suspeitas: tanto Cussa quanto Marcelo Moreira foram indicados inicialmente por Elmar Nascimento.
Com o surgimento de indícios que podem envolver o deputado federal, o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Operação Overclean, da PF, encontrou ainda uma transação imobiliária entre Elmar e Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo”, um dos principais alvos da investigação.
Outro documento apreendido — uma planilha em posse do empresário Alex Parente — também sugere pagamento de propina a um assessor de Elmar Nascimento.
R$ 40 milhões em emendas de relator
Os contratos sob suspeita receberam R$ 40 milhões em recursos públicos enviados por meio de emendas de relator no final de 2022, ainda durante o governo Jair Bolsonaro. A destinação do valor foi articulada por Elmar Nascimento, que pleiteou o envio da verba à prefeitura do irmão.
O caso reacende o debate sobre a influência política em autarquias federais e o uso de emendas parlamentares para fins que extrapolam o interesse público.






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